O Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro (soma das riquezas produzidas no país) totalizou R$ 1,94 trilhão em 2005, com crescimento de 2,3% em relação ao R$ 1,77 trilhão de 2004, segundo o IBGE. Convertido em dólares e considerando que a moeda norte-americana foi negociada a R$ 2,44, em média no ano passado, o PIB alcançou US$ 795,776 bilhões – valor que eleva a economia do país da 15ª para a 11ª posição no mundo, sendo a maior da América Latina, superando o México. O cálculo foi feito pela Austin Rating a partir de dados de 155 países divulgados pelo Fundo Monetário Internacional (FMI).
A subida do Brasil no ranking, contudo, é polêmica. O economista-chefe da própria Austin, Alex Agostini, lembra que o crescimento no ano passado foi um dos menores das três Américas e que o país só avançou no ranking devido à desvalorização de 12,40% do dólar acumulado em 2005. Ainda segundo o economista, o PIB per capita brasileiro é de apenas US$ 4.333 (R$ 10,5 mil), o que coloca o Brasil em 72º lugar no ranking dos maiores do mundo, atrás de países como Argentina (71º), Panamá (70º) e Costa Rica (69º).
“A melhora no ranking é mais uma questão de câmbio que crescimento real”, diz Paulo Mol, economista da Confederação Nacional da Indústria (CNI). “Por esse mesmo critério, o PIB brasileiro em dólar foi reduzido à metade com a desvalorização cambial de 1999 – o que, na prática, não ocorreu. Por isso, preferimos esperar o ranking do Banco Mundial (Bird), que avalia o poder de compra do dólar nos diversos países”, frisa. Os dados do Bird ainda não têm data para divulgação.
O verdadeiro retrato dos dados do IBGE, segundo Mol, é o forte impacto que os juros tiveram sobre os investimentos. “A taxa de investimento – relação entre formação bruta de capital fixo e PIB – praticamente não cresceu no ano passado, devido à política de juros altos. Esse é o dado mais importante do PIB”, diz o economista. De fato, a taxa de investimento em 2005 foi de 19,9% do PIB, ante os 19,6% de 2004. Mesmo assim, a ligeira melhora foi provocada pelos preços. “Os preços dos investimentos cresceram mais que os preços médios da economia, por isso cresceu a participação no PIB”, explicou a gerente de contas trimestrais do IBGE, Rebeca Palis. Segundo ela, os preços médios da economia subiram 7,2% e os ligados ao investimentos (máquinas, construção), 9,6%.
A forte variação dos preços também foi considerada um dos principais fatores que impulsionaram o PIB de 2005 na avaliação da superintendente do Centro de Estatísticas da Fundação João Pinheiro (FJP), Maria Helena Magnavaca de Alencar. “Os preços aumentaram 7,2%, ao passo que a produção física teve crescimento de apenas 2,3%”, compara. A FJP é a responsável pelos cálculos do PIB mineiro.
Fonte: Jornal Estado de Minas