CPI da Venda de Sentenças vai ouvir doleiros
A CPI da Venda de Sentenças, criada pela Assembleia Legislativa do Rio para investigar o tráfico de influência no processo eleitoral no Judiciário fluminense, ouviu ontem dois advogados que foram nomeados pelo corregedorgeral licenciado, Roberto Wider, para o comando de dois cartórios. Alexandre Ruy Barbosa e Carlos Roberto Fernandes Alves trabalhavam no escritório L. Montenegro Associados, do lobista Eduardo Raschkovsky, cujas relações com Wider estão sendo investigadas pelo Conselho Nacional de Justiça.
Segundo o presidente da CPI, deputado Paulo Ramos (PDT), os dois negaram qualquer acordo com o escritório de Raschkovsky estabelecendo pagamento de percentual sobre a receita dos dois cartórios que assumiram – o 11oOfício de Notas da Capital e o 6oOfício de Niterói.
– Os advogados disseram terem sido escolhidos por seus currículos, por mérito. Mas é muita coincidência que os dois sejam do escritório de Raschkovsky, que tem ligação estreita com Wider – afirmou Ramos.
O deputado se disse convencido de que estava sendo montado um esquema de arrecadação nos cartórios, mas acrescentou que ainda não se pode afirmar que os advogados estavam diretamente envolvidos.
– Ou eles sabiam ou no futuro seriam vítimas de extorsão.
A partir de segunda-feira, começa a a funcionar o disque-denúncia (0800 282 5888) da Assembleia criado para receber informações sobre negociação ou venda de decisões judiciais.
Os próximos depoimentos na CPI estão marcados para terçafeira, quando serão ouvidos os doleiros Raul Fernando Davies e Guilhermo Davies. Eles são alvos de investigação da Polícia Federal por lavagem de dinheiro e eram titulares de uma conta no Uruguai, de onde partiu transferência de US$ 10 mil, favorecendo Vera Lúcia Teixeira dos Santos, ex-mulher de Wider
Fonte: Jornal O Globo