Clipping: INSS tem prejuízo de R$ 400 mil com golpe dos gêmeos

Além das prisões, documentos foram apreendidos e serão analisados pela Polícia Federal
 
Uma fraude aos cofres da Previdência Social até então nunca identificada no Brasil levou a Polícia Federal a desarticular uma quadrilha que agia no Espírito Santo desde 2005, desviando parte de pensões pagas por morte à beneficiários fictícios. Três pessoas foram presas. O esquema era tão bem articulado, salientou a Polícia, que somente foi descoberto no ano passado após uma denúncia feita por uma viúva que teve a pensão dividida com duas crianças gêmeas registradas como filhas do marido dela que por toda vida foi estéril.

A Polícia estima que mais de R$ 400 mil foram desviados dos cofres públicos com a prática dessa fraude. As investigações apontam até agora que ao menos 11 benefícios foram fraudados. Além das prisões, houve apreensão de diversos documentos que agora vão ser analisados pela perícia da Polícia Federal.

A auditora fiscal do Ministério da Previdência, Neusa Peixoto Campos, que acompanhou toda investigação, explicou que para conseguir o benefício, a quadrilha só precisava de uma certidão de nascimento constando o nome da criança, da mãe e do pai que no caso seria a pessoa falecida que tinha deixado alguma pensão previdenciária. E para conseguir essa certidão eles contavam com o auxílio do dono de um cartório de Água Doce do Norte, que confeccionava o documento; uma mulher que se passava por mãe dessas crianças e um estagiário de direito, apontado pela Polícia Federal como o mentor do esquema.

"Eles obtinham certidões de nascimento com conteúdo falso. Ou seja, as certidões eram verdadeiras, mas o conteúdo dela era falso. Com essa documentação eles procuravam uma agência da previdência social e requeriam um desdobramento do benefício de pensão por morte previdenciária. Com isso o benefício era dividido com a viúva e os novos filhos fictícios do instituidor. Da forma como o benefício era requerido, não tinha como identificar que aquele documento era falso. A certidão era verdadeira, emitida em cartório só que com informação falsa", conta a auditora.

Para não haver problema, as certidões sempre indicavam um registro tardio das crianças, informando que elas tinham nascido em casa para que ninguém tivesse a curiosidade de procurar o registro de nascimento em algum hospital. A auditora fez um alerta a todos os beneficiários que por ventura tenham tido a pensão reduzida pela metade.

"A previdência sempre envia um comunicado ao beneficiário informando sobre a redução do benefício. Quando isso acontecer é importante que a pessoa procure a agência da Previdência mais próxima de sua casa para saber o motivo da redução do benefício. Qualquer alteração no benefício é informado ao beneficiário", alertou a auditora.

O delegado da Polícia Federal Cassius Baldeli explicou que a mulher detida nesta quarta-feira (12) recebia cinco benefícios. Ela, o estagiário de direito e o dono do cartório vão responder por crimes de estelionato, falsidade de documento público, falsidade ideológica e uso de documento falso. O nome dos envolvidos não foi divulgado pela PF. Os três estão detidos na carceragem da Polícia Federal, em Vila Velha.

Fonte: Gazeta online- ES