Baianos enfrentam longas filas para atendimento em cartórios

Em todo o país, apenas a Bahia tem cartórios administrados pelo estado. São 1,5 mil, mas esta situação pode estar chegando ao fim.

Quem precisa de cartório em Salvador enfrenta um suplício. Às 4h30, alguns corajosos já enfrentam chuva na porta de um cartório na capital baiana. "Tem que chegar, porque são 40 senhas e lá pelas 5h30 ou 6h já tem gente sobrando para pegar para a tarde", conta o industriário Eliomar Augusto.

Quando o dia nasce, a fila já toma conta da calçada. Em outro cartório, a espera também é longa. O contador Silfarney Silva aguarda para fazer o reconhecimento de seis assinaturas. "Cheguei aqui às 7h30 e ainda não fui atendido. Já são 10h26 e nada ainda. O cara perde o tempo todo aqui e não resolve", reclama.

Em mais um cartório lotado, o administrador Sérgio Correa está há quase uma semana tentando reconhecer 12 assinaturas de parentes. "É uma via-crúcis. A gente vai para um cartório, pega a senha, desloca para o cartório seguinte, pega a senha também e fica à mercê da sorte de sair do segundo cartório, voltar para o primeiro e conseguir chegar a tempo", diz.

Em todo o país, apenas a Bahia tem cartórios administrados pelo estado. São 1,5 mil, mas esta situação pode estar chegando ao fim. Dois anos depois de ter sido apresentado à Assembleia Legislativa, o projeto de lei para a privatização dos cartórios deve ser votado no mês que vem, quando os deputados voltarem do recesso.

"É provável que a privatização resolva por um lado, mas por outro lado as custas do cartório vão aumentar", prevê o suboficial de cartório Orisval Joveniano.

Quem depende do serviço não vê a hora de o projeto virar lei. "Vai otimizar o atendimento", acredita uma estudante. "Privatizando, as pessoas, pelo menos, quem está do lado de lá do balcão vai se preocupar mais com quem está do outro lado", comenta a digitadora Iara Portilho.

 

Fonte: G1