Rapaz que não tinha documentos é enterrado oito meses após sua morte

Romildo de Souza morreu de derrame cerebral em julho de 2011, mas, só na tarde desta terça-feira (3), os irmãos conseguiram fazer o enterro.

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Uma família no Rio de Janeiro travou uma batalha de oito meses para conseguir enterrar um rapaz que não tinha documentos. Culpa do descaso e da burocracia

Romildo de Souza morreu de um derrame cerebral em julho do ano passado, mas, só na tarde desta terça-feira (3), os irmãos conseguiram fazer o enterro.

O hospital não liberou o corpo de Romildo, porque não tinha documentos. O irmão dele, Roberto de Souza, entrou na Justiça, mas uma sucessão de erros, descaso e entraves burocráticos fez com que o corpo passasse oito meses no necrotério. Só na ultima sexta-feira, a família conseguiu a autorização para o sepultamento.

Romildo morreu no Hospital Rocha Faria, na Zona Oeste do Rio. O médico forneceu o atestado de óbito, mas, sem a carteira de identidade, o cartório não pode completar o documento.

A identificação de Romildo teve que ser confirmada por exames de impressão digital. Em agosto do ano passado, o processo foi encaminhado para o fórum errado e sofreu mais um atraso. A Defensoria Pública enviou ofício pedindo a liberação do corpo, para ser enterrado em São João do Meriti, na Baixada Fluminense.

Mas o juiz que despachou o processo não reparou que o texto estava cheio erros: dava a entender que Romildo já tivesse sido enterrado e em um cemitério com nome diferente. Em janeiro deste ano, a juíza substituta fez novo despacho, mas manteve o erro, que só foi corrigido na semana passada.

“Ninguém percebeu o erro e a família também não reclamou”, diz o juiz Luiz Henrique Oliveira Marques.

No período em que passou à espera de uma solução, a família viveu mais um drama: a mãe deles, com a saúde abalada por causa da impossibilidade de enterrar o filho, acabou falecendo. “Minha mãe ficou muito triste com isso, por não poder enterrar meu irmão. O papel estava errado, o juiz disse que minha mãe não reclamou. Ela morreu reclamando disso”, conta Daniele de Souza, irmã de Romildo.

Para os irmãos, o sepultamento de Romildo encerrou um longo período de angústia. “O sepultamento foi digno, como o que eu dei a minha mãe. Isso era o mínimo que poderia acontecer diante de tudo que a nossa família viveu”, declara Roberto.

 

 

Fonte: Bom Dia Brasil

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