Apenas mulheres participaram do evento, que reuniu 250 convidados. Cerimônia em Campo Grande foi organizada pela Defensoria Pública.
Onze casais sacramentaram união neste domingo (7), na sede da Defensoria Pública, em Campo Grande, no primeiro casamento coletivo entre pessoas do mesmo sexo em Mato Grosso do Sul. Apenas mulheres participaram e disseram um “sim” coletivo diante de aproximadamente 250 convidados.
A ação foi organizada pela Defensoria. Segundo informações da assessoria de imprensa, somente mulheres procuraram o órgão e demonstraram interesse em participar. “Têm pessoas que querem e outras não querem”, resumiu a defensora pública Neyla Mendes ao ser questionada se a primeira cerimônia faria aumentar a procura.
Mendes explicou ao G1 que o fato do casamento reunir apenas mulheres está relacionado com o romantismo feminino. “Mulher é mais agregadora do que o homem”, disse, acrescentando que o casamento entre pessoas do mesmo sexo é um fator de eliminação do preconceito.
O evento começou com cerca de 40 minutos de atraso. Depois de entrarem na sala disponibilizada para a celebração, as mulheres responderam ao “sim” diante do juiz de paz, Catalino Duarte.
"É uma questão de direito que elas têm e estão assumindo”, afirmou ele ao G1. O casamento não teve benção religiosa.
Emoção e nervosismo
Antes de tudo começar, nervosismo e agitação. Karla Sania Ajala, 23 anos, não escondia que os nervos estavam fora de lugar. Mesmo com as mãos transpirando por muita ansiedade, Ajala não abria mão dos detalhes e da vaidade. “Achei que não tinha como arrumar o cabelo”, disse após conseguir arrumar o penteado.
Vestida de noiva, a corretora de imóveis Veronice Lopes da Silva, 35 anos, mostrava alegria. “Temos direitos. Outros casais [heterossexuais] têm e nós teremos também”, disse ela, que entrou com o filho de 19 anos. Silva ainda afirmou que sempre quis o casamento. “Só esperava uma doida para topar”.
Depois da confirmação do “sim”, os casais assinaram os documentos que sacramentaram a união civil. Muitas não seguraram as lágrimas e a emoção aumentou depois que pajens e damas levaram às alianças.
“Aliviada, feliz”, resumiu a policial militar Silvana Gomes Lacerda, 33 anos, que se casou com Veronice e trajava o uniforme militar.
Para Vera Barros, 49 anos, trocar alianças com Ide Aparecida Infran, 46, representa a concretização de um sonho iniciado há nove anos. “Apareceu a oportunidade e a gente abraçou. Não para mostrar, nem provar nada para ninguém, mas para nós mesmas”.
Infran, por sua vez, quis simbolizar na roupa o sentimento pela ocasião. “O vestido vermelho é para simbolizar o amor. Até a decoração da casa é vermelha”, conta.
Legislação
O Supremo Tribunal Federal (STF) reconheceu o casamento gay em maio de 2011. Em 2 de abril deste ano, uma decisão do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul (TJMS) regularizou o casamento civil entre pessoas do mesmo sexo no estado.
Em 16 de maio, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) publicou a resolução 175 que obriga cartórios de todo o Brasil a realizarem casamento entre pessoas do mesmo sexo.
Fonte: G1