Apenas duas mulheres mineiras, nascidas em 1986 e 1989, têm o nome grafado exatamente como do brinquedo criado em 1959
Desde a criação da boneca Barbie, em 1959, ao menos 852 pessoas foram registradas em Minas Gerais com nome idêntico ou parecido com o da boneca considerada uma das mais famosas do mundo.
As variações que contam com sufixos e prefixos acompanhando a base do nome são maioria: 789. Dentre elas, Barbelino. Outras 61 pessoas se chamam Barbi, Barby e Barbe – homônimos homófonos, aqueles com escrita diferente e pronúncia igual.
Já as mulheres batizadas com nome redigido exatamente como o da boneca, são apenas duas. Elas nasceram em 1986 e em 1989, após a chegada do brinquedo às prateleiras brasileiras, em 1982. Se estiverem vivas, as mineras têm aproximadamente 37 e 34 anos, respectivamente.
O levantamento foi feito pelo Recivil (Sindicato dos Oficiais de Registro Civil de Minas Gerais), a pedido do R7. O relatório leva em consideração a lista de todas as crianças nascidas no Estado desde 1960, data máxima de dados digitalizados pelo órgão.
O sindicato reúne dados de todos os cartórios de registro civil de Minas Gerais, segundo estado mais populoso do Brasil, com 20,5 milhões de habitantes.
O lançamento do filme Barbie nos cinemas brasileiros, nesta quinta-feira (20), levou diversos internautas a trocar o nome dos perfis em redes sociais em homenagem à boneca. Entretanto, são poucas as pessoas que carregam o prenome na certidão de nascimento.
A lista mais recente de nomes registrados no Brasil, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) no Censo 2010, aponta que ao menos 23 pessoas haviam sido batizadas de Barbie no país até aquele ano. Na época, o prenome estava na posição 115.129 no ranking de popularidade.
Barbie é o apelido de Bárbara em países de língua inglesa. O enredo criado em torno da boneca que hoje tem 64 anos indica que o nome completo da personagem é Barbara Millicent Roberts. A escolha foi inspirada no nome da filha da criadora do brinquedo.
É proibido registrar crianças com o nome Barbie no Brasil?
A resposta é não, segundo Letícia Maculan, diretora do Recivil. “Apesar de ser ligado à boneca e a desenhos infantis, o nome não é constrangedor”, comenta. “O que é vedado no Brasil são nomes vexatórios, que possam trazer problemas à criança”, completa.
A norma que barra os registros considerados ridículos em Minas Gerais é de 2013. Desde então, os funcionários de cartório de registro civil intensificaram as ações para evitar problemas aos adultos do futuro.
Letícia Maculan é autora de um artigo sobre a atuação preventiva dos oficiais de registro na proteção da personalidade e da dignidade da pessoa humana. No texto, ela cita alguns casos já ocorridos no Brasil e que foram considerados vexatórios. Dentre eles: Mijardina, Um Dois Três, Maria Privada de Jesus, Maria Cólica de Jesus e Janeiro Fevereiro de Março Abril.
“A gente aceita os nomes que os pais escolhem. Quando tem um nome constrangedor, por lei, temos que submeter o caso para o juiz decidir. A última palavra é dele”, explica a representante do Recivil.
E quem não se sente satisfeito com o nome, Letícia explica que há solução. Desde 2022, a lei federal 14.382 autoriza a qualquer pessoa a alterar o nome de nascimento, desde que tenha 18 anos ou mais. Não é necessário acionar a Justiça para isto. Apenas ir a um cartório com os documentos pessoais.
“Antes só podia alterar entre os 18 e 19 anos, agora esta faixa foi ampliada para a partir dos 18 anos. A ideia é que o prenome seja o que a pessoa se identifique. Apesar disto, se a pessoa tem menos de 18 anos, é necessário judicializar o assunto”, detalha.
Fonte: R7