Casais homossexuais se unem em cerimônia coletiva em Belo Horizonte

Cerca de 120 companheiros participaram de casamento conjunto. Iniciativa foi promovida pela Defensoria Pública, que busca divulgar direito.

Cerca de 60 casais homossexuais oficializaram o casamento, nesta quarta-feira (11), em Belo Horizonte. A cerimônia coletiva foi promovida pela Defensoria Pública de Minas Gerais, que afirma que este foi o primeiro evento do gênero realizado no estado.

De acordo com a defensora pública geral, Andréa Abritta Garzon, um dos objetivos da iniciativa foi divulgar o direito de as pessoas do mesmo sexo se casarem, assim como casais heterossexuais. “E levar, em grande estilo para Minas, o modelo da nova família mineira”, acrescenta. Ela também diz que, graças as parcerias fechadas com cartórios, tudo foi feito de forma gratuita.
 
Entre os casais, a maioria, aproximadamente 45, era formada por mulheres. As técnicas em enfermagem Alzira Teixeira, de 47 anos, e Régia Monique Duval, de 33, aproveitaram a oportunidade para selar a união. Elas se conheceram no hospital onde trabalham, na capital mineira, e estão juntas há um ano. As duas escolheram o rosa para cerimônia: Régia, de vestido cheio de brilho e Alzira, de blusa social. “Foi tudo muito rápido, de última hora, nada planejado”, diz Régia.

Elas contam que nunca sofreram preconceito no local de trabalho. “O pessoal fala, mas preconceito, não”, afirma Alzira. Na família, elas dizem que a aceitação da relação também é "tranquila", mas os pais de Régia não estavam sabendo sobre a oficialização do casamento. “Vão ficar sabendo agora”, brinca.
 
Diferentemente das técnicas em enfermagem, pais de outros casais estiveram presentes na solenidade, que precisou ser dividida em duas sessões devido ao volume de casais. O autônomo Milton Paixão, de 45 anos, acompanhou e fotografou cada detalhe do casamento da filha Zélia de Figueiredo, de 34 anos. “Tenho orgulho de ter uma filha homoafetiva”, diz. Ele conta que começou a perceber a orientação sexual da filha quando ela era adolescente, entretanto, acredita que a “pessoa já nasce homossexual”. Em relação à união, Paixão fez questão de incentivar Zélia, a primeira filha dele a se casar.
 
Alguns casais quiseram seguir à risca a tradição. A servente Vânia Alves Rodrigues, de 28 anos, escolheu o branco para o casamento com a cozinheira Gislaine Lander Araújo Rodrigues, de 32 anos. Nervosa, como toda mulher prestes a se casar, ela revela que não era um sonho se vestir de noiva. A vontade surgiu quando conheceu a companheira, com quem se relaciona há 3 anos, 2 deles morando juntas. Apesar de manter a tradição do vestido, ela quebrou os padrões no pedido de casamento, que foi feito via mensagem de celular. Gislaine aceitou, claro, porém a resposta veio ao vivo.
 
Durante o evento, algumas pessoas trocaram aliança, assim como Vânia e Gislaine e também como o supervisor Leonardo Carvalho, de 30 anos, e o estudante Álan Júnior Carvalho Souza, de 18. Depois da cerimônia, que teve distribuição de bem-casados, os noivos puderam tirar a tradicional foto com bolo – decorado com dois pombinhos e duas pombinhas.

Em maio deste ano, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), órgão de controle externo das atividades do Poder Judiciário, obrigou todos os cartórios do país a cumprirem a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), de 2011, de realizar a união estável de casais do mesmo sexo. Além disso, obrigou a conversão da união em casamento e também a realização direta de casamento civil entre pessoas do mesmo sexo.



Fonte: G1