Casal gay de Brasília vai tentar na Justiça que filha tenha registro da mãe e de dois pais

Uma família com dois pais uma mãe e uma filha. Com esta história de vida fora do padrão, o casal formado pelo professor Christofer Sabino e pelo cabeleireiro Frederico Pessoa, se prepara para entrar na Justiça conseguir a dupla paternidade da garota Ana Clara de quatro anos. Eles são responsáveis pela criação da menina desde pequena. A mãe, uma amiga do casal, também participa da vida da filha e todos moravam na mesma casa. Atualmente, ela passa os fins de semana com a garota.

 

— A Ana Clara cresceu chamando nós dois de pais. Para ela é supernatural. O que queremos é oficializar a questão judicialmente —, explica Sabino.

 

A advogada do casal, Ramaica Valverde diz que a Justiça já deu decisões favoráveis para casos semelhantes.

 

— Acredito que vai dar tudo certo, pois este já não é mais um caso raro.

 

No registro da menina constam os dois pais biológicos, mas a advogada acredita que o pai biológico deve abrir mão da paternidade, pois não participa da vida de Ana Clara. O acordo com a mãe da garota, para que ela passe mais tempo com o casal, ainda é informal. O caso deve sair da informalidade em breve, com o andamento do processo na Justiça.

 

Com o círculo de amigos e familiares, a questão da paternidade é levada numa boa, de acordo com o casal.

 

— Nunca tivemos problemas com o fato de sermos um casal gay que tem uma filha.

 

Apesar de a questão da paternidade não ter sido um problema social para o casal, eles precisaram tomar alguns cuidados especiais, como a escolha de uma escola para a filha, afirma o Pessoa.

 

— Procuramos uma escola que adotasse uma mentalidade mais aberta e entendesse nossa configuração familiar. Não queríamos que nossa filha sofresse com isso.

 

Na escola de Ana Clara, a direção age naturalmente com o caso da garota e tanto os pais quanto a mãe participam da vida escolar de Ana Clara.

 

Com uma família que foge ao comum, o casal diz já ter passado por um desconforto em um shopping de Brasília. Passeando com a filha pelo centro de compras, eles precisaram levá-la ao banheiro, mas não havia um banheiro do tipo família, do tipo onde os pais entram com seus filhos. Para o cabeleireiro, ficou uma situação desconfortável, pois as opções eram entrar com a menina no banheiro masculino ou um deles ter que entrar com a filha no banheiro feminino. Por causa do desconforto, eles deixaram de frequentar o shopping.

 

Fonte: R7