O casamento entre uma jovem de 17 anos e um chefe de polícia já casado de 46, na República da Chechênia, provocou um escândalo na Rússia, onde a poligamia está proibida por lei.
Apesar das críticas dos defensores dos direitos humanos, o casamento aconteceu no sábado (17) em Grozni, capital da república, com o consentimento do líder checheno, Ramzan Kadyrov, que inclusive dançou com a noiva.
Segundo informa a imprensa local neste domingo, o funcionário que conduziu a cerimônia civil teve que perguntar três vezes à jovem se ela queria se casar antes que ela respondesse afirmativamente.
O jornal independente "Novaya Gazeta" denunciou semanas atrás que a família foi ameaçada com represálias se sua filha Luisa Goilabiyeva, que completou 17 anos no último dia 1º de maio, rejeitasse a proposta de Nazhud Guchigov.
A repórter do jornal, Yelena Milashina, que foi recebida então pela primeira-dama dos Estados Unidos, Michelle Obama, teve que abandonar a Chechênia após receber ameaças por escrever um artigo no qual denunciava que a jovem estava sendo obrigada a casar-se contra sua vontade.
"Tenho a impressão que a Chechênia vive em seu próprio terreno legal. O casamento é uma decisão adotada voluntariamente pelas duas partes. É evidente que este não é o caso", denunciou a conhecida ativista Svetlana Gannúshkina.
Por outro lado, Kadyrov, amigo pessoal do namorado, defendeu o casamento ao assegurar que "os pais deram sua bênção" e que "o amor não enxerga idade".
Kadyrov é um conhecido defensor da poligamia e encorajou muitos homens chechenos a casar-se mais de uma vez, alegando que na república há mais mulheres devido às duas guerras travadas após a queda da União Soviética.
O casamento contou surpreendentemente com o apoio do defensor da infância, Pavel Astajov, que reconheceu que a lei federal proíbe as uniões de menores de 18 anos, mas salientou que as regiões podem introduzir exceções à regra.
Como exemplo mencionou a região de Bashkiria, onde a a idade mínima é de 14 anos e a de Moscou, onde é de 16, após o que ressaltou que no Cáucaso a maturidade sexual chega antes que em outras áreas do país.
Por sua vez, a imprensa russa criticou o fato de que as autoridades façam tanto ênfase em defender a instituição familiar tradicional e proíbam a propaganda homossexual e as adoções por gays e permitam um casamento entre um homem casado e uma menor de idade.
Fonte: G1