Clipping – Dia de festa para bissextos – Jornal Hoje em Dia

Hoje é dia de os nascidos em 29 de fevereiro irem à forra. Foram quatro anos sem aparecer nas listas de aniversariantes das empresas, vendo os colegas de escola comemorarem suas datas de nascimento, sem poder fazer o mesmo, e tolerando brincadeirinhas. Para estes, a sexta-feira vai ser especial. O engenheiro Rodrigo Carvalho faz 32 anos e pretende reunir cerca de 40 amigos e parentes em um bar no Bairro Prado, na Região Oeste de Belo Horizonte. «Quando é 29 de fevereiro, a gente tem que comemorar», ressalta.

Em algumas maternidades, futuras mamães preferiram antecipar ou atrasar o parto, só para que seus filhos não passem pelos inconvenientes. A explicação para o ano bissexto, como é chamado, é que a Terra demora 365 dias e seis horas para dar uma volta completa em torno do sol. Então, a cada quatro anos é feita a compensação dessas seis horas, com o acréscimo de um dia no calendário, que é o 29 de fevereiro.

O deputado estadual Carlin Moura (PCdoB) brinca com a situação. «Vou entrar para o Guinness. Sou o deputado mais jovem do mundo, pois tenho apenas dez anos», diz. Ele completa 40 anos hoje, mas, de fato, só festejou dez. «É diferente comemorar no dia certo. Nos outros anos, opto por considerar o dia 28, pois nasci em fevereiro. A opção de Rodrigo Carvalho foi pelo dia 1º de março. «No dia 28 eu ainda não havia nascido», justifica.

No site de relacionamentos Orkut há várias comunidades de aniversariantes do dia 29 de fevereiro. Eles também divergem sobre a data de comemoração. Muitas vezes, o período é tratado com misticismo. Alguns acreditam ser um sinal de iluminação, outros que o ano pode ser ruim. A astróloga Dulce Campolina afirma que é uma data como outra qualquer. «Acontece que as pessoas estão acostumadas com coisas cíclicas, sempre iguais. Quando fogem à normalidade, criam-se mitos», explica.

Mas parece que, por via das dúvidas, as mulheres prestes a dar à luz preferem evitar qualquer possível problema para seus filhos. A ginecologista e obstetra Maria Júlia de Oliveira, membro do Comitê de Pré-Natal, Parto e Puerpério da Associação Médica de Minas Gerais, afirma que não há registro formal, mas conhece casos de mães que tiveram filhos no dia 29, mas revelaram que prefeririam que tivesse sido em outra data. Coincidência ou não, na Maternidade Santa Fé somente um parto estava marcado para hoje. «Normalmente fazemos de seis a dez partos por dia», diz Rosana Campos, coordenadora de Enfermagem.

Existe também a idéia de que cartórios não registram bebês em 29 de fevereiro, mas o presidente do Sindicato dos Oficiais de Registro Civil (Recivil), Paulo Risso, garante que vão constar nas certidões a data de nascimento informada pelos hospitais. A obstetra Maria Júlia ressalta que os hospitais não podem mudar a data de nascimento do documento encaminhado ao cartório. «Cada um comemora o dia que quiser, mas o documento não pode ser modificado», frisa Risso.

 

Fonte: Jornal Hoje em Dia