A agonia finalmente teve fim. Depois de ser registrada como homem na certidão de nascimento, a dona de casa Regimar Linhares Silva, 35, teve o reconhecimento da Justiça de que é uma mulher ontem, quando ganhou a letra "a" em seu nome. Agora, ela passou a ser chamada de Regimara. A mulher, moradora de Patos de Minas, no Alto Paranaíba, vinha lutando pelo direito desde novembro de 2011.
Quem a conhecia não tinha dúvidas, mas, quando ela precisava do documento para se identificar, o constrangimento era a situação mais comum. Até o casamento, que estava agendado em 1995, não pôde ser feito por conta da confusão. "Foi um susto. Quando estava tudo certo para a cerimônia, recebemos a notícia que eu não podia me casar com ela por que ela também era um homem. A coisa mais ilógica que vi", relembra o companheiro Geraldo Silva, 41, pedreiro.
Juntos há 17 anos, o casal o possui seis filhos – três homens e três mulheres, com idade entre dez e 20 anos -, que também se sentiam incomodados quando o assunto era o documento da mãe. "Quando os coleguinhas sabiam disso, ficavam sem entender. A gente era motivo de chacota. Mas, a partir de hoje, não tem mais esse assunto. Ninguém mais irá nos incomodar", comemora Regimara.
Ela foi toda elegante ao fórum de Patos de Minas, conferir de perto a decisão judicial. "Graças a Deus, estão reconhecendo o que já era para ser reconhecido. Nunca escondi nada de ninguém. Agora é só festejar", disse a dona de casa.
Trâmite.De acordo com o advogado de Regimara, Alexandre Máximo de Oliveira, o processo de correção da certidão não foi problemático, já que o juiz teve acesso a todas as comprovações de que a dona de casa era mulher. "Apresentamos atestados ginecológicos e de ultrassonografias, pelos quais o juiz comprovou o sexo da minha cliente, juntamente com o fato de ela já possuir seis filhos", explicou.
Para o advogado, o pedido de modificação foi julgado "em um tempo menor do que o esperado, por se tratar de assunto que comoveu a cidade". Uma nova certidão já está sendo processada e estará nas mãos de Regimara em até 30 dias.
Fonte: O Tempo