Manhuaçu registra primeiro casamento gay de Minas Gerais

O bordadeiro, Wanderson Carlos de Moura, 34 anos, e o Auxiliar de Serviços Gerais, Rodrigo Diniz Belonato, 18 anos, moradores do Bairro Santa Teresinha, casaram-se, na manhã desta quinta-feira, 22, no Cartório de Registro Civil, em Manhuaçu, colocando a cidade no posto de primeira a oficializar a união entre casal do mesmo sexo, no Estado de Minas Gerais.

Às 10h00, o casal chegou acompanhado dos familiares e padrinhos. Sorridentes, tiraram fotos e falaram sobre como surgiu a ideia e o que esperar do futuro. Muitos curiosos também ficaram ao lado de fora do cartório, a fim de acompanhar o momento.

Antes de oficializar a união, o casal falou com a imprensa. Para Wanderson Carlos, em princípio, teve medo de deixar público o casamento, mas segundo ele, o que importa é a felicidade. “A vontade de casar era muito, mas ao mesmo tempo, a gente tinha medo, principalmente de não ser aceito, mas graças a Deus, tudo deu certo e somos felizes. Combinamos muito bem com o outro”, disse.

“Estamos muito felizes por ser o primeiro casamento do Estado e agora vai abrir a porta para mais casais que tiverem coragem porque eu tenho certeza que muitos têm este sonho”, acrescentou Wanderson.

Sobre o que a sociedade irá pensar, Wanderson deixa claro. “A sociedade ainda tem muito a evoluir, pois existem muitas pessoas com a mente fechada. O que falou mais forte pra isto acontecer foi o amor, pois não saberia como seria a reação da sociedade. Eu quero ser feliz, vou procurar amá-lo”, salientou.

Wanderson contou como os dois se conheceram. “Eu o conheci no meu serviço e viramos amigos. A partir disto, ele começou a frequentar a minha casa aos finais de semana e começamos a namorar. Depois de uns três meses de namoro, resolvemos morar juntos e ele vem pedindo para casar e eu sempre enrolando, pois estava com medo, então decidimos deixar marcado para a data do meu aniversário e aconteceu”, detalhou.

Rodrigo Diniz também destacou a felicidade como mola propulsora para que o casamento se tornasse realidade. “Quanto a gente ama, estamos dispostos, então não quero saber o que os outros pensam ou deixam de pensar. Tenho que pensar na minha felicidade e fazer ele feliz”, disse.

Questionado sobre formação de família, Rodrigo respondeu. “Estou disposto e quero construir uma família com quem eu realmente sou feliz. Quero adotar uma menina e ele já concordou. Quando anunciamos o casamento, alguns foram a favor e outros contra porque nem Jesus agradou todo mundo, mas o que eu quero é ser feliz”, falou.

 

 

Autorização da Justiça

A Justiça de Manhuaçu autorizou um casal do mesmo sexo a se casar no cartório de registro civil da cidade quase um ano depois do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu reconhecer a união homoafetiva estável como unidade familiar.

O Juiz de Direito, Walteir José da Silva, disse que a decisão dele acompanha o posicionamento do STF e explica que a Constituição determina que o Estado incentivará a conversão da união estável em casamento.

Walteir lembrou ainda que não se trata de uma questão de religião ou de Igreja. É uma autorização para o casamento no registro civil

Os cartórios da Comarca de Manhuaçu já poderão adotar os procedimentos, sem a necessidade de consulta para autorização do Judiciário.

Em relação a adoção, Walteir afirmou que a questão já existem em várias cidades no Brasil e a tendência é que isso aconteça, já que o STF decidiu que é uma unidade familiar do mesmo jeito que a adoção por casais heterossexuais.

 

Fonte: Site manhuaçu.com