Foi-se o tempo em que os pais esperavam os filhos se alfabetizarem para fazer o cadastro e tirar o R.G. (Registro Geral). A novidade, desta vez, é tirar o documento de identificação para bebês de até três anos. Afinal, além de ser muito mais fácil para ser levado na bolsa ou carteira dos pais do que a Certidão de Nascimento, o documento também é motivo de orgulho para os responsáveis, que fazem questão de exibi-lo a todos.
Gabriel Pedroso de Massarotto, de Sorocaba (SP), faz parte dessa tendência. Apesar de só ter nove meses, o garoto já tem R.G. desde os sete meses de idade. "É como um troféu para mostrar para a família. Os avós querem uma cópia; todo mundo quer ver e acha fofo. Eu até cuido do documento dele melhor do que cuido do meu", conta a mãe, a administradora Gisele Pedroso Massarotto.
Apesar do R.G. de Gabriel ter virado objeto disputado entre a família, a mãe do menino garante que o documento é muito mais do que motivo de admiração porque trouxe vários benefícios para o dia a dia da criança. "Primeiro, tirei por causa do convênio médico, que pediu. Depois, porque deixo meu filho na casa da vó enquanto meu marido e eu estamos trabalhando. Daí, o R.G. dele sempre fica na mochila, ele nunca anda sem documento".
Dados recentes do Poupatempo, programa de serviços de cidadania do Governo do Estado de São Paulo, comprovam a preferência de muitos pais: de janeiro a dezembro de 2014, 187,1 mil bebês de até três anos tiraram o R.G. Já neste ano, só de janeiro a maio, mais de 95,2 mil crianças de até três anos já tiraram o seu primeiro R.G.
Ainda de acordo com números do Poupatempo, do total de mais de 439 mil bebês que tiraram o documento desde janeiro de 2013, 166,4 mil tinham menos de um ano de idade quando foram levados pelos pais a um dos postos.
A mesma preocupação da família de Gabriel teve a supervisora de atendimento Mariana Steinhoff Karpinsk com os filhos Felipe, de nove anos e Henrique, de três meses. Embora ela tenha tirado o R.G. do seu primogênito quando ele já era alfabetizado – aos sete anos -, do caçula ela preferiu não esperar tanto tempo e já fez o cadastro. "É mais prático, não dá para negar. Cabe na carteira. Assim eu não preciso sair sempre com a Certidão de Nascimento, que se deteriora com o tempo", explica.
Além da praticidade e do prazer de exibir o documento do filho com a foto no tamanho 3×4, o R.G. para bebês também é requisitado em casos de abertura de contas em banco. Como é o caso da Laura Cunha Zanella, de um ano e um mês. "A avó dela abriu uma conta poupança pra ela e precisou fazer o CPF [Cadastro de Pessoa Física]. Daí eu já aproveitei o embalo para tirar o R.G. também", frisa a mãe da menina, a psicológa Claudia Cunha.
No caso do CPF, o documento pode ser solicitado nos Correios, na Caixa Econômica Federal ou no Banco do Brasil, mediante apresentação da certidão de nascimento original da criança e documento do responsável. E se o CPF for levado na hora de tirar o RG, a identidade já terá impresso o número de identificação que valerá para a vida toda para assuntos ligados à Receita Federal. "O RG é um documento muito importante e que me dá uma certa tranquilidade em saber que as digitais dela estão cadastradas, isso em caso de uma eventual fatalidade", acrescenta a mãe.
Atendimento especial
Por se tratar de crianças de até três anos de idade, os atendentes do Poupatempo precisam ter jogo de cintura para contornar quaisquer problemas que surgirem durante o cadastro dos baixinhos. Afinal, eles costumam se assustar na hora de fazer a coleta biómetrica, pois confundem o avental branco dos atendentes com o de enfermeiros e acham que vão tomar algum tipo de vacina.
Por isso, a atendente da unidade de Sorocaba, Fabiana Elias Ambrósio, de 34 anos, abusa do velho jeitinho brasileiro – ainda mais por ser mãe de dois filhos – e da paciência. "É difícil fazer o cadastro e tem que gostar de criança, porque muitas vezes ela não colabora e o pai também não, colocando medo no filho dizendo que se ele não ficar quieto pode se machucar".
Em casos como este, os funcionários do Poupatempo são orientados a usar, por exemplo, uma luva como bexiga para distrair as crianças durante o atendimento. "Ás vezes, fazemos o atendimento com até dois funcionários, chegamos a pegar no colo, tudo para facilitar e, é claro, não assustar a criança", explica Fabiana.
Como tirar o R.G.
O primeiro R.G. é gratuito, por lei, e tem validade por 18 anos. Somente na hora de tirar o segundo documento atualizado ou mesmo uma segunda via, é cobrada uma taxa de R$ 31,88. Para fazer o cadastro é necessário primeiro agendar a ida ao Poupatempo, que pode ser feito pelo celular, através do aplicativo SP Serviço, pelo site do programa ou pelo telefone 0800.772.3633.
No dia agendado é necessário levar a certidão de nascimento original e uma cópia, o número de inscrição do CPF (se tiver), o documento da mãe original e cópia e uma foto 3×4 (com fundo branco). Em casos de bebês, como as digitais ainda não estão totalmente definidas, apenas as impressões digitais dos polegares são documentadas na carteira. No espaço para assinatura, a identidade dos bebês traz o aviso de que o portador está "impossibilitado de assinar".
O documento fica pronto em cinco dias e os pais tem a opção de retirar na própria unidade do Poupatempo ou mesmo solicitar o serviço de remessa do documento pelos Correios, no valor de R$ 9,99.
Fonte: G1