A transformação social em meio às injustiças e frustrações do cotidiano foi amplamente debatido no último painel do evento
Uma apresentação leve, mas repleta de traços da realidade humana atual. Esse foi o clima que permeou a última palestra do XXVII Congresso Nacional do Registro Civil (Conarci 2021), ministrada pelo filósofo Luiz Felipe Pondé. Com o tema “Paz interior: como lidar com as injustiças e frustrações sem perder a fé na transformação. A vida como ela pode ser”, o filósofo abordou aspectos da vida cotidiana trazendo reflexões e leveza para o encerramento o maior Congresso do Registro Civil no país.
Antes de passar a palavra a Pondé, Gustavo Fiscarelli, presidente da Arpen-Brasil, comentou sobre o cenário no qual vivem os registradores civis brasileiros e as frustrações e dificuldades enfrentadas no cotidiano dos titulares.
“O registrador civil convive com as frustrações, sabe da sua essencialidade, mas ao mesmo tempo não se vê reconhecido, e não pela sociedade, mas por aqueles que de fato deveriam fazer, especialmente o legislativo e o executivo, mas aqui permanece um fio de esperança. Estamos mudando a nossa realidade, dando subsídio ao registrador para desenvolver o seu trabalho de forma decente, e de forma criativa, prospectar novos serviços e desafios, exatamente por sermos considerados os únicos Ofícios da Cidadania no Brasil”.
Luiz Felipe Pondé iniciou sua apresentação fazendo uma provocação à plateia. “Nós, contemporâneos, achamos que o mundo começou ontem e que estamos mais evoluídos a cada geração, enquanto que, em algumas situações continuamos verdadeiramente arcaicos como nossos ancestrais”, afirmou Pondé.
O filósofo destacou evidências do cotidiano atual, como a redução da natalidade, fato que impacta na demografia do mundo e no trabalho dos registradores civis. “Uma das transformações mais drásticas que está acontecendo no mundo é a redução de nascimentos, que certamente terá impacto no trabalho dos registradores civis”.
Sobre a temática da paz interior, para Pondé, a questão é conseguir dar alguma medida para as emoções, evitando conflitos e abrindo mão da busca incessante pelo controle. “Paz interior depende de ter tranquilidade, mas também depende de como se conduz o mundo interior. Está diretamente ligado a manter longe os altos e baixos da vida. Quem quer controlar tudo, o tempo inteiro, jamais terá paz interior, principalmente na era que estamos vivendo, de extrema ansiedade”, comentou.
Pondé trouxe reflexões também sobre o momento de pandemia que o País vive e as mudanças nas relações pessoais e profissionais, impactadas pelo mundo digital e a internet. “Quanto mais produtivo o ambiente, maior a sensação de passagem acelerada do tempo e a sensação de não fazer nada traz muitas frustrações, ao mesmo tempo, se paga para frequentar espaços de relaxamento para não se fazer nada”.
O filósofo concluiu a temática da paz interior afirmando que a conquista depende de equilíbrio e aceitação em todas as áreas da vida, seja ela pessoal ou profissional. “Ter paz interior é entender que não se pode ter tudo que se quer, na hora que se quer e da forma como se quer, é ter alguma medida no que diz respeito às emoções”.
Encerramento
Após a palestra de Luiz Felipe Pondé, o presidente da Arpen-Brasil, Gustavo Fiscarelli, convidou para subir ao placo o presidente da Arpen-Maranhão, Devanir Garcia, e o desembargador do Tribunal de Justiça do Maranhão, Paulo Velten, para um momento de agradecimento e encerramento do XXVII Congresso Nacional de Registro Civil.
“Agradeço a presença de todos os convidados, nosso anfitrião Devanir Garcia e o desembargador Velten pela presença e já aproveito para convidá-los para o Conarci 2022, que será realizado em São Paulo, entre 13 e 15 de outubro”, afirmou Fiscarelli.
O presidente da Arpen-Maranhão falou da emoção de receber os colegas de todo o Brasil em São Luís. “Foi um prazer poder apresentar o Maranhão a vocês. Agradeço a presença de todos, foi um momento especial de reencontro e, o mais importante, saímos daqui muito mais fortes e mais unidos do que chegamos. Quero agradecer também ao poder judiciário que vem sendo um grande parceiro do Registro Civil maranhense”, concluiu Devanir.
O desembargador Paulo Velten destacou a aproximação e o momento de poder conhecer a visão dos colegas do judiciário e a visão do próprio serviço que tem buscado se aprimorar a cada dia. “Encerramos essa reunião, tão agradável, com uma maior certeza da possibilidade de avançar com bons propósitos”, encerrou Velten.
Conarci 2021
Pela primeira vez realizado no Estado do Maranhão, o Conarci 2021 debateu temas atuais e relevantes para o Registro Civil nacional, com foco em seis vertentes principais: cidadania, sustentabilidade, dignidade da pessoa humana, erradicação do sub-registro de nascimento, além de temas atuais como a desjudicialização – transferência de atos judiciais aos cartórios – e a proteção de dados pessoais.
Além de reunir registradores civis de todo o Brasil, o Conarci 2021 foi transmitido para todo o País através da plataforma conarci2021.com.br
Fonte: Arpen-BR