Projeto do Recivil em parceria com a SEDH é destaque na Revista National Geographic

 


Com lenço e documento


 


Pouco se sabe sobre a população de ciganos no Brasil. Nunca houve censo do grupo, mas cálculos apontam mais de 1 milhão de pessoas – só em Minas Gerais, segundo o Centro de Cultura Cigana de Juiz de Fora, são cerca de 450 mil deles. Até meados de 2009, essa população sequer tinha documento. Era o caso de Devair, jovem que vive em tendes em Belo Horizonte há duas décadas. Ele participou, porém, de um mutirão do governo federal chamado Registro Civil, uma ação que só foi possível após a lei, sancionada em outubro de 2008, que permite o registro tardio sem o burocrático processo judiciário. Devair, doravante, atende por Augusto Batista de Messias, nome adotado nas casteiras de identidade e de habilitação. A felicidade do registro também foi comemorada por Ilson Campos que, aos 65 anos, vai ter direito à aposentadoria – pode enfim provar sua idade.


 


Para o historiador Rodrigo Correia Teixeira, os povos ciganos são um exemplo de resistência cultural. “Na Europa eram considerados a escória, mas escaparam da Inquisição e do nazismo. No Brasil foram valorizados como comerciantes de escravos de segunda mão. Após a abolição, foram perseguidos e hoje estão na periferia das grandes cidades”, afirma. O registro civil pode ser o primeiro passo para aproximar esses cidadãos, acredita Teixeira, “arredios em consequencia de um preconceito histórico”.


 


Por Ana Paula Carvalhais