O Senado francês (câmara alta do Parlamento) aprovou na noite de terça-feira, por 179 votos contra 157, o primeiro artigo do projeto de lei sobre o casamento homossexual, o mais importante, apesar da forte oposição da direita ao texto e de manifestações contra ele nas ruas.
O primeiro artigo foi aprovado "em conformidade", ou seja, sem modificação em relação à votação em primeira leitura da Assembleia Nacional (deputados).
Esta votação é, por isso, definitiva, a menos que a lei seja rejeitada em sua totalidade ao término de seu estudo pelo Senado. A votação sobre o texto completo irá ocorrer nos próximos dias, após a qual a lei será definitivamente adotada, já que não será submetida a uma segunda leitura na Assembleia Nacional.
O projeto de lei, que permitirá o casamento e a adoção de crianças por casais do mesmo sexo, foi aprovada em primeira leitura e por uma ampla maioria na Assembleia Nacional no dia 12 de fevereiro.
Os deputados a aprovaram depois de mais de duas semanas de intenso debate e do estudo de mais de 5.000 emendas.
No Senado, votaram pelo artigo a grande maioria dos parlamentares de esquerda (socialistas, comunistas e ecologistas). A maioria da oposição de direita votou contra, mas houve vozes dissonantes em suas fileiras, já que cinco senadores opositores votaram a favor, dois de abstiveram e um não participou da votação.
A votação ocorreu após 10 horas de intensos debates, durante os quais a direita se opôs firmemente ao texto, multiplicando os discursos em meio a uma atmosfera extremamente tensa.
"Apesar das tentativas de obstrução da direita, o Senado adotou o artigo 1, que autoriza o casamento entre pessoas do mesmo sexo", declarou o presidente da bancada socialista, François Rebsamen, em um comunicado emitido momentos após a votação.
"A adoção deste artigo graças ao voto do conjunto da maioria dos senadores acaba com a discriminação baseada nas preferências sexuais dos cidadãos", acrescentou.
"Levando-se em conta os excessos ocorridos em manifestações violentas nas ruas ou em explosões verbais na câmara, o voto deste artigo é uma vitória para a luta contra a homofobia", vitória "da tolerância e da democracia", concluiu.
Rebsamen fazia alusão à radicalização dos opositores ao casamento homossexual, que, após organizarem várias manifestações, multiplicaram nos últimos dias as ações agressivas, impedindo debates, perseguindo parlamentares ou atacando organizações de defesa dos homossexuais.
Nesta quarta-feira, os opositores ao "casamento para todos" convocaram uma nova manifestação nacional para o dia 26 de maio.
Segundo uma pesquisa recente do instituto CSA, a maioria dos franceses é favorável (53%) ao casamento homossexual, mas se opõe à adoção por parte dos casais do mesmo sexo (56%), incluída no projeto de lei.
Fonte: Terra
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