Aos 60 anos, a moradora de Gurupi Cícera Alves Macedo tem muito o que comemorar. Ela foi criada longe do pai biológico Amadeu de Souza Costa, hoje com 88 anos, e chegou a pensar que ele estava morto, mas agora teve a paternidade reconhecida e vai ter o nome dele nos documentos. O caso foi acompanhado pela Defensoria Pública do Tocantins.
Para ter o reconhecimento, não foi necessário um processo judicial, já que as partes estavam de acordo. Segundo o Conselho Nacional de Justiça, o reconhecimento espontâneo é a vontade livre de reconhecer o filho e poderá ser feito no registro de nascimento, através de uma escritura pública ou um termo particular.
Nesse caso, pai e filha fizeram um acordo na Defensoria Pública no dia 6 deste mês. O documento foi enviado ao cartório que fez o registro de nascimento para a retificação e a inclusão do nome.
A dona de casa relata que sempre soube da existência do pai biológico, mas não teve a oportunidade de se relacionar com ele. "Quando eu tinha nove meses, ele se separou da minha mãe. Eu fui registrada com o nome do meu padrasto. Ele é uma pessoa maravilhosa, mas no fundo eu tinha vontade de conviver com meu pai. Sempre tive esse desejo, mas as pessoas proibíam o contato".
Em 1982, ela recebeu a informação de que o pai tinha morrido e resolveu mandar uma carta a um irmão dele, que morava em Colinas do Tocantins. "Escrevi falando que era filha de Amadeu, que eu tinha ficado sabendo que ele tinha morrido. Mas na verdade, o meu tio que havia falecido. Dias depois, eu recebi uma carta e o meu pai havia respondido me explicando a situação."
A partir daí, os dois ficaram mais próximos. Em 2006, o pai a procurou e propôs um teste de DNA, que deu positivo. Mas o reconhecimento só foi possível esse mês. "Dentro de mim ficava uma angústia. Estou feliz porque era um sonho e agora vai se realizar, vou ter os documentos com o nome dele. Não pude dar carinho a ele, mas agora posso. Nunca é tarde".
Pai aos 13 anos
A história do vaqueiro Otaciano Almeida, de 61 anos, é parecida com a de Cícera. No dia 14 deste mês, ele finalmente foi reconhecido pelo bai biológico, após um acordo realizado em Gurupi. Foi dispensado exame de DNA porque não havia dúvidas quanto à paternidade.
O pai tinha apenas 13 anos quando Otaciano nasceu. Por causa disso, ele foi criado pelo avô, que morreu anos depois. O vaqueiro, então, passou a morar em outras cidades e perdeu o contato com a família.
A irmã dele, Marisa da Silva, conta que por todos esses anos a família procurou Otaciano. "Anos atrás eu soube que ele estava trabalhando em um fazenda em Formoso do Araguaia. Consegui encontrá-lo e não perdemos mais o contato."
Marisa disse que hoje o irmão e o pai estão felizes com a conquista. "Otaciano está muito alegre e arrependido por passar tanto tempo longe da família.' Hoje o pai está com 74 anos e tem 11 filhos, no total.
O acordo foi encaminhado para o cartório de registro civil do município de Dueré, para acrescentar o nome do pai na documentação, bem como dos avós paternos. O nome de Otaciano também ganhou o sobrenome do pai.
Fonte: G1