Caravana da Assistência Social atende pessoas que sofreram com rompimento de barragem

Na terceira etapa da Caravana da Assistência Social, que aconteceu entre os dias 30 de março a 2 de abril, a equipe do Recivil, juntamente com seus parceiros, estiveram presentes nas cidades de Miraí, Muriaé e Patrocínio de Muriaé atendendo a 1574 pessoas.

 

Para quem não lembra, estas cidades sofreram com o rompimento da barragem São Francisco, no dia 10 de janeiro deste ano, onde pelo menos dois bilhões de litros de lama foram despejados em rios da região, inundando as cidades vizinhas e deixando milhares de desabrigados. Muitos moradores perderam tudo o que tinham inclusive seus documentos e foi a partir desta situação que a Caravana esteve presente nestas cidades levando a oportunidade destas pessoas recuperarem os documentos perdidos.

 

No dia 30 de março, a Caravana esteve na quadra poliesportiva de Miraí atendendo 522 pessoas, a maioria delas foi à procura da carteira de identidade.

 

Em Muriaé, a Caravana da Assistência Social esteve nos dias 31 de março e 1º de abril. O evento estava programado para ser realizado somente em um dia na cidade, mas como o movimento foi muito grande, se estendeu para dois dias. Mais de 800 pessoas foram atendidas.

 

                             

                                                                                                                   Movimento em Muriaé superou as expectativas

 

Para o presidente do Recivil, que esteve em Muriaé acompanhando pessoalmente os atendimentos, cada região tem suas dificuldades. Ele que já percorreu o estado três vezes, conhece a realidade de Minas e sabe das necessidades dos documentos básicos de que as pessoas precisam. “Hoje entendo perfeitamente que temos que fazer alguma coisa pelas pessoas carentes e o cartório é o principal alvo, porque somos nós que vamos dar a primeira certidão, o registro de nascimento, a primeira via; sem isso as pessoas não conseguem vacinar seus filhos, não conseguem ir à escola, tirar uma carteira de trabalho, tirar carteira de identidade, não conseguem casar, as pessoas não conseguem nada. A primeira certidão é um documento que vão carregar para o resto da sua vida”, diz Paulo Risso.

 

                              

                                                                        Presidente do Recivil faz questão de acompanhar pessoalmente os atendimentos

 

 

 

Registro tardio

 

 

Em Muriaé, houve alguns casos de registro tardio, como o de Crislaine de Acássio, de 19 anos que ainda não era registrada e não pôde terminar os estudos pela falta do registro. Segundo sua mãe, que adotou Crislaine com três meses de idade, ela ainda não tinha sido registrada porque não teve condições. “Estávamos esperado a oportunidade porque ela quer trabalhar. Com certeza é importante ter o registro, assim como ela tem muitas pessoas que não têm o registro. Às vezes as pessoas não têm noção de que faz falta um documento, uma certidão”. Crislaine completa a fala de sua mãe: “É importante ter o registro, porque sem ele eu não sou ninguém, não consigo fazer nada. Estou tendo a primeira oportunidade agora”, afirmou.

 

Balanço positivo

 

 

Após um balanço dos três primeiros dias de atendimento, Eveline Castro do Amaral, gestora de Assistência Social de Muriaé, considerou a iniciativa muito positiva. “Foi muito bom, a gente tem muito o que agradecer por esta grande parceria. Mais uma vez parabenizo pela iniciativa e pela oportunidade de nos atender em tantas necessidades, depois de tanta calamidade”. Segundo ela, esta é uma oportunidade de resgatar a cidadania. “A gente está levantando o astral das pessoas aqui, estamos prestando um serviço para eles, o máximo que a gente puder fazer pela população a gente está fazendo, porque foi uma situação inusitada (rompimento da barragem), coisa que ninguém esperava, foi muito triste. Mas hoje aqui as pessoas estão felizes, atendemos gente que estava completamente sem documento, foi muito útil, muito necessário e eles estão muito felizes por ter conseguido tão rápido todos os documentos”.

 

Quem não pôde tirar os documentos, também ficou bastante contente. As crianças se divertiram com a Rua de Lazer, que levou cama elástica, pula-pula, touro mecânico e outras atividades às três cidades atendidas. Em Muriaé, houve até disputa para poder passear com o trenzinho, pipoca e algodão doce também foram distribuídos para todos.

 

Para o oficial do cartório de registro civil de Patrocínio de Muriaé, Afonso Celso de Souza Lima, é muito importante que haja uma entidade representando a categoria. “O Paulo está com uma luta muito grande que vem nos beneficiar, porque os cartórios de registro civil estavam morrendo de fome, já que os documentos emitidos passaram a ser feitos de graça e o Recompe veio nos salvar, o Paulo está de parabéns e estamos dando apoio para continuar a luta. Só tenho que parabenizar o pessoal do Recivil, inclusive por estas campanhas que ajudam o povo”, disse.

 

 

BOX:

Entenda o caso

O rompimento da barragem São Francisco da empresa mineradora Rio Pomba Cataguases, na Zona da Mata mineira, na madrugada do dia 10 de janeiro deste ano, provocou a inundação das cidades de Miraí, Muriaé e Patrocínio de Muriaé. 

A lama da mineradora, que estava represada na barragem, foi despejada em rios da região, inundando as cidades vizinhas e deixando milhares de desabrigados.  Em Miraí, a cidade mais atingida, mais de quatro mil moradores ficaram desalojados. Em Muriaé, o nível da água subiu até quatro metros. Sete bairros ficaram alagados. Segundo a prefeitura, 1.200 casas foram atingidas.

Além dos três municípios mineiros, quatro municípios do Rio de Janeiro também foram atingidos pela lama. De acordo com a análise do Sistema Estadual de Meio Ambiente (Sisema), a lama que invadiu as cidades é composta apenas por água e argila e não é tóxica.

A mineradora afirmou que o rompimento da barragem foi provocado pela “elevada concentração de chuvas em curto espaço de tempo”. A mineradora aceitou a proposta da Defensoria Pública de Minas Gerais de criar um acordo-base com o pagamento de R$ 5.000 para cada uma das famílias atingidas pela inundação.

 

                                                                 

 Rompimento da barragem que inundou as cidades mineiras