Cinco novos presídios são atendidos pela equipe do Recivil

O mês de dezembro foi marcado por diversos atendimentos nas unidades prisionais pela equipe de Projetos Sociais do Recivil. Foram cinco novos presídios, além do atendimento a mais quatro unidades que recebem manutenção mensal, na região metropolitana de Belo Horizonte. 
 
No início do mês foi aplicada a prova do ENEM para alguns presos. Em Divinópolis, o detento David Benner dos Santos, que terminou o ensino médio na escola do presídio, foi um dos alunos que fez o exame. “Fazendo faculdade espero uma mudança na minha vida e sair do crime”, declarou.
 
Outro presídio atendido pelo Recivil foi o de Mariana. O diretor, Paulo César dos Santos, falou do trabalho que está sendo feito para regularizar a documentação da população carcerária. Segundo ele, as pessoas não entendem a importância da certidão de nascimento, já que somente a partir dela é possível atender melhor as demandas geradas pela documentação. “O acesso à certidão original irá minimizar os problemas de dupla identidade, com isso teremos menos inconsistência no sistema prisional”, pontuou Paulo César.
 
Presídio de Viçosa foi um dos atendidos pelo Recivil no mês de dezembro
 
Em Viçosa, a assistente social Aline Penna de Souza informou que a falta de documentação dos presos atrasa alguns procedimentos, como atendimento de saúde e trabalhos internos. Segundo ela, como a unidade possui apenas presos provisórios não é fácil conseguir a documentação dos presos, uma vez que é difícil entrar em contato com a família. 

Presídio de Ponte Nova

O presídio de Ponte Nova também recebeu o projeto de documentação. A unidade tem como referência programas de ressocialização e atualmente conta cerca de 10 parcerias de trabalho, como a fabricação de gaiolas, premoldados, derivados de plástico, bolas offside, horta, entre outras, que empregam cerca de 200 presos da população carcerária, atualmente em torno de 900 detentos. 
 
 
Presídio de Ponte Nova trabalha na ressocialização dos presos
 
O diretor de atendimento e ressocialização, Magnum Antônio Magalhães, informou que a política da unidade é a de dar oportunidade para o preso, sendo ele condenado ou provisório. Para isso são disponibilizados além das oportunidades de trabalho, palestras sobre álcool, drogas, doenças contagiosas, entre outras. As palestras são ministradas por especialistas e também ex-detentos que contam suas histórias de superação. “O detento que trabalha dificilmente se mostra insatisfeito, então quanto mais oportunidades mais tranquila é a situação dentro da unidade”, declarou o diretor.
 
Magnum Antônio também informou que como a maioria das famílias dos detentos é de outras cidades o acesso à certidão é mais difícil. “A constituição garante ao preso o acesso à documentação, o que torna tão válido o projeto, pois possibilita ao detento voltar para o convívio com a sociedade”, acrescentou.
 
A assistente social, Gianni Christina Fernandes, informou que existe uma carência de documentos e, por isso, as diversas parcerias de trabalho são importantes, já que com a documentação em mãos é possível confeccionar o cartão para o recebimento dos proventos, além do acesso a serviços de saúde. Em muitos casos os presos não têm vínculo com a família, além de muitos serem de outras cidades e estados, dificultando consideravelmente a regularização da documentação. 
 
Detento trabalha na fabricação de gaiolas no presídio de Ponte Nova
 
No início do projeto de ressocialização, que acontece desde a inauguração do presídio, em dezembro de 2009, a direção saia em busca de parceiros, mas a situação se inverteu diante do sucesso alcançado. Samuel Campos de Godói, gerente de produção da Pastinova – empresa de produtos plásticos que fez um grande investimento dentro da unidade – destaca o comprometimento e a qualidade dos serviços prestados pelos presos. “O resultado é bastante positivo e já contratamos duas ex-detentas que trabalham com muita determinação”, concluiu.
 
A unidade contará em 2014 com escola e atenderá aproximadamente 200 presos. Atualmente já é desenvolvido pela pedagoga Rita de Cássia Rocha Marques um trabalho de alfabetização e resenha de livros. E já existem casos de sucesso, como o da detenta Gabrielli Alessandra Silva Guerra, que ficou em primeiro lugar no concurso de poesia realizado entre escolas de Ponte Nova. 
 
A detenta Gabrielli Alessandra Silva Guerra foi a vencedora de um concurso de poesia 
 
Maria Aparecida Santiago Martins foi alfabetizada na unidade e já possui certificados de cursos de artesanato em argila, pintura e costura. “A cadeia foi um lugar para eu aprender e mudar de vida”, declarou a detenta que também se livrou do uso de drogas com o apoio recebido no presídio. Já a detenta Elessandra da Silva Rodrigues trabalhou em diversas áreas dentro da unidade e se mostra agradecida pelas oportunidades recebidas, o que despertou o seu desejo de continuar com a aprendizagem assim que sair do presídio.
 
“O trabalho de ressocialização desenvolvido com o preso é primordial para devolver dignidade em um processo onde sociedade, sistema prisional e o preso saem ganhando”, destacou o diretor de segurança Juliano de Paula. Ele ainda disse que em alguns casos o detento não teve oportunidade e o Estado tem se mostrado presente na ressocialização e devolvendo para a sociedade um cidadão qualificado para ingressar no mercado de trabalho. “O trabalho de documentação é importantíssimo e a unidade tem se mostrado um local para a reflexão e oportunidades no processo de transformar o preso em um cidadão de bem”, finalizou Juliano.