Li, com indignação, o artigo “Cartórios para quê?” publicado no HOJE EM DIA no último dia 26 de janeiro. É de se surpreender que o articulista não conheça a realidade do Estado e dos cartórios de registro civil. Mais de 400 serventias do Estado sobrevivem hoje com uma renda mínima de R$ 873,89, garantida pelo Sindicato, simplesmente porque não praticam um número mínimo de atos por mês que garantam a sobrevivência do mesmo. Existem hoje dezenas de cartórios no interior do Estado que não possuem sequer um computador e que têm como oficiais homens e mulheres que, durante anos, lutaram pela dignidade e cidadania da população, mesmo quando não recebiam nem um real pelo seu trabalho, mas que sobreviveram a duras penas até conseguirem o direito de uma renda mínima. Homens e mulheres hoje com 60, 70 anos. O autor do artigo desdenha a segurança jurídica dos atos praticados pela classe dos registradores. Ao dizer que a simples oficialização dos serviços resolveria o problema, anda na contramão da história. Cabe ao Estado as questões estatais, e, ao privado, as particulares. No momento, cabe a nós, registradores e notários, a humildade de convidar essas pessoas a conhecerem a nossa realidade. Nossa classe luta pelo aprimoramento do trabalho oferecido.
Paulo Risso
Presidente do Sindicato dos Oficiais de Registro Civil das Pessoas Naturais do Estado de Minas Gerais.
Fonte: Jornal Hoje em Dia