Dia Internacional da Democracia: Presidente do Recivil explana sobre gestão democrática nas organizações que representam classes

Quinze de setembro é celebrado o Dia Internacional da Democracia. A data foi estabelecida pela Organização das Nações Unidas, a ONU, em 2007 para recordar a assinatura da Declaração Universal da Democracia, que aconteceu em 1997. Um dos princípios da declaração é o de que “a democracia é um direito básico de cidadania, a ser exercido em condições de liberdade, igualdade, transparência e responsabilidade, com o devido respeito à pluralidade de pontos de vista, no interesse da comunidade”.

Genilson Gomes, presidente do Recivil, sempre apostou à frente do sindicato uma perspectiva de gestão democrática. Nesta entrevista ele explana a importância de um processo transparente, igualitário e justo. Confira.

Recivil: O que é uma gestão democrática para o senhor?

Genilson Gomes: Se olharmos do ponto de vista corporativo, uma gestão democrática passa pela forma que o gestor relaciona com seus comandados, ouvindo-os, dialogando, tomando decisões com transparência, baseadas em conclusões colegiadas e raramente de forma individual. Esta gestão deve valorizar os talentos e respeitar as diferenças, as diversidades nos seus aspectos mais amplos sejam estes culturais, raciais, sexuais, etc.

Recivil: Como é o processo de escolha de um presidente e diretores do sindicato?

Genilson Gomes: A escolha da diretoria do sindicato é feita através de um processo eleitoral previsto no estatuto da entidade. Os filiados, observadas as regras, podem votar e serem votados, devendo ser todos oficiais de registro civil das pessoas naturais, logicamente. Como toda eleição democrática, a chapa regularmente inscrita é declarada vencedora se obtiver o maior número de votos.

Recivil: Quais atitudes ou ações que o senhor considera mais importantes numa gestão democrática?

Genilson Gomes: As atitudes mais importantes numa gestão democrática é saber ouvir, dialogar, flexibilizar, consensualizar as divergências, os gestores serem pessoas acessíveis, e, principalmente, a palavra-chave nas relações humanas é o respeito. Sem respeito, nada funciona, sem este a gestão certamente será conflituosa. E o gestor tem que observar isto atentamente para que os setores não fiquem com o ambiente tóxico.

Importante também é saber recuar, mudar o ponto de vista e os rumos pois ninguém é dono da verdade. Agora, flexibilizar não significa abrir mão de determinados valores que para nós são inegociáveis, não havendo qualquer chance de flexibilização. E entre tantos valores destaco como o principal para um gestão democrática, a honestidade. Entendo que não adianta cobrarmos dos governos, políticos, corporações, etc , uma gestão honesta, se as próprias entidades de classes, de forma cínica e hipócrita, perpetuam e alimentam as mesmas práticas nefastas que há anos vem acontecendo no Brasil.

Recivil: Como os diretores e associados do Recivil participam da gestão?

Genilson Gomes: Os diretores através de decisões colegiadas e os associados podem fazer críticas, sugestões, reivindicações, lançarem ideias e, quando necessário, através das assembleias ordinárias e extraordinárias que estão previstas no estatuto.

Recivil: Uma frase que represente a democracia.

Genilson Gomes: A palavra DEMOCRACIA= DEMO + CRATOS = POVO + PODER, ou seja o poder do povo.

No Brasil a democracia na essência da palavra é uma utopia. Somos um país com uma das piores distribuições de renda do mundo, e logo fica claro a origem da fragilidade da nossa democracia. Na nossa classe, por exemplo, esta má distribuição de renda macro repercute com muita clareza. Temos em uma mesma comarca/município cartórios faturando milhões enquanto outros vivem de renda mínima. Nada é feito e quando tentam fazer, aqueles que possuem o poderio econômico se protegem, pois são eles que ditam as regras. Sabemos que no Brasil nada é feito pensando no coletivo e, é evidente que os privilegiados ocupam os principais postos e não querem abrir mão desta situação.

Resumindo, o poderio econômico corrompe a essência da democracia, foi assim na França, e lá só se resolveu através da revolução francesa. O poderio econômico corrompe a essência do processo democrático, até porque os principais e mais influentes veículos de comunicação, o sistema político e os poderes constituídos foram friamente criados e estão sob controle dos donos do capital, visando manter o status quo. Eles sempre terão maioria na representatividade tanto nas câmaras municipais quanto nas assembleias legislativas e congresso nacional. Com isto, os seus interesses individuais sempre estarão acima dos coletivos.

Uma saída seria investimento na educação e a mudança do modelo de educar, desenvolvendo o pensamento crítico nos cidadãos, mas, até nisto o sistema que aí está não tem interesse em mudar. Querem pessoas que não criticam, não raciocinem logicamente, porque assim são facilmente manipuladas. O sistema foi criado para isto.

Voltando à frase que deveria representar a democracia, eu poderia citar a famosa frase de Abraham Lincoln: “Todo poder emana do povo, pelo povo e para o povo”. Mas infelizmente e sendo realista, a frase que representa a “nossa democracia” é: TODO PODER EMANA DO POVO, CONTRA O POVO E PARA POUCOS!

Fonte: Assessoria de Comunicação do Recivil