Número de casamentos cresce e sugere novos modelos familiares

Contrariando a tendência de desvalorização do matrimônio, Limeira registrou aumento significativo do número de casamentos nos últimos sete anos. Entre 2000 e 2007, o crescimento de 38,5% sugere além da preservação da tradição, o surgimento de novos modelos familiares.

Dados do Cartório de Registro Civil de Limeira divulgados à Gazeta mostram que enquanto no ano 2000, 1.206 casais legalizaram a união, este ano, entre casamentos já realizados e os marcados até dezembro, são 1.671, ou seja, 4,5 matrimônios novos por dia.

Na avaliação do oficial do Cartório, José Francisco Barelli, o aumento não está ligado ao índice populacional, que aliás neste ano teve decréscimo segundo o IBGE. Ele menciona a implantação do novo Código Civil em 2002 que, entre várias mudanças, facilitou o acesso ao casamento com a isenção da taxa de R$ 213 para casais carentes.

Além disso, Barelli reforça a força da tradição e da religiosidade quando duas pessoas decidem assumir um compromisso mais sério. “Nós percebemos o grande interesse dos casais em terem a união documentada. Entre vários fatores, os casais consideram a oficialização do matrimônio como ferramenta importantíssima na educação de seus filhos”.

A socióloga Eliana de Gáspari, que leciona no Isca Faculdades, concorda, mas vai além. Ela acrescenta que enquanto muitas pessoas acreditam ainda no adiamento do casamento, a maioria não segue essa alternativa. Esse comportamento está mais restrito às classes média e alta, em que as mulheres têm sonhos profissionais e acabam deixando o casamento para mais tarde, fato que não ocorre entre as mulheres de baixa renda, que muitas vezes não têm perspectivas profissionais da mesma forma.

NOVOS MODELOS

A ampliação do número de casamentos também é vista por outro ângulo, até mais polêmico, pelos estudiosos. Segundo a socióloga, as estatísticas não revelam simplesmente um número maior de união civil, mas apontam um fator comportamental típico da sociedade moderna: a liberdade de as pessoas que já estão separadas se casarem novamente, o que pressupõe também novos modelos familiares.

Embora esses novos modelos ainda não sejam amplamente assumidos, a sociologia considera que a família composta por pai, mãe e filhos prevalece, mas novos “arranjos familiares” ganham proporções de forma cada vez mais acelerada. Eliana exemplifica através das pesquisas que revelam o crescimento de famílias formadas por filhos do próprio casal, mas que convivem na mesma casa com filhos de casamentos anteriores. Há também famílias que já aceitam namorados (as) dos filhos(as) compartilhando o mesmo lar e existe ainda a tendência de um novo modelo de casamento adotado por cônjuges que preferem viver em casas separadas.

Para a socióloga, embora o preconceito em torno dos novos modelos exista, é preciso que o casal e família tenham a estrutura necessária para viver esses novos arranjos familiares, priorizando a educação dos filhos que, embora seja cada vez mais transferida para escola, continua sendo de responsabilidade dos pais, independente do modelo familiar adotado.

Neste contexto, o planejamento familiar configura uma estratégia importante para evitar danos na educação dos filhos e na rotina dos casais.

 

Fonte: Gazeta de Limeira – SP