Após os filhos do atual casamento completarem 12 e 13 anos, o comerciário Marcos Pedro da Silva, 46, soube da existência de outra filha, fruto de um relacionamento anterior. Até então, ele não a conhecia e a dúvida foi desaparecendo com o tempo, pelo fato de a mãe da menina não tê-lo procurado. Ao completar 15 anos, Ingrid Raiane Ferreira resolveu procurar o pai, dizendo que queria conhecê-lo. Isso aconteceu no fim do ano passado.
Depois de comprovação por meio de exame de DNA, a adolescente ganhou mais do que o sobrenome do pai e o nome dos avós paternos na Certidão de Nascimento. Criada apenas pela mãe, ela passou a ter, a partir de então, a figura de um pai como exemplo e o carinho que nunca teve por parte dele. A descoberta teve um significado importante para os dois. Para ele, "filho é herança de Deus", como define. "Os filhos não têm culpa das atitudes dos pais", comenta.
Agora, o esforço dele é se manter sempre presente. "Estou me desdobrando para dar um carinho que não ela teve esse tempo todo", conta Marcos. Além da participação na vida da filha, Marcos está contribuindo com as despesas dela. E a relação afetuosa tem crescido ao longo da convivência não só entre pai e filha, mas se estende aos irmãos que a jovem acabou de conhecer. Sempre que podem, os quatro (pai e os três filhos) realizam passeios juntos.
Emocionada, a adolescente conta que não sabe como teve coragem de tomar a iniciativa de procurar o pai. O encontro que aconteceu tardiamente foi um dos momentos mais importantes da vida dela. O medo da rejeição por parte da jovem tomou conta dela durante o tempo em que não o procurou. Hoje, Ingrid vai poder comemorar o primeiro Dia dos Pais, porque a data passa a ter, agora, um real significado para ela. "Ele é uma pessoa maravilhosa, especial demais".
Mesmo que os contatos tenham se tornado diários, chamá-lo de "pai" é ainda motivo de timidez, justificada pela falta de hábito. Desde o resultado do exame de DNA até a modificação dos documentos da adolescente foi necessário menos de um mês. Marcos procurou a Apemas, que o instruiu e o encaminhou, com as devidas documentações, para um Cartório no Recife, onde a menina havia sido registrada. O serviço foi feito sem nenhum gasto adicional para eles. O passo seguinte foi alterar os documentos restantes.
Fonte: Folha de Pernambuco