Presidente Paulo Risso concede entrevista ao Jornal O Tempo sobre o novo modelo de certidão

“Este trabalho é muito mais cultural que legislativo”

O presidente do sindicato que representa os cartórios de Minas Gerais fala sobre o novo modelo de certidão de nascimento e como a medida, que traz a uniformização do registro, pode ser benéfica para a população.

Como o novo modelo de certidão de nascimento pode evitar fraudes?

As características do novo modelo de certidão de nascimento, a ser implantado em todo o Brasil, só serão conhecidas com a publicação do decreto que será assinado pelo presidente Lula. Só então poderemos dizer se ele poderá evitar fraudes ou não. Ainda não sabemos se esse novo modelo obrigatoriamente deverá ser feito em papel de segurança, que hoje já é utilizado em muitas serventias de Minas e do Brasil. Esse papel contém mais de 15 itens de segurança, que praticamente evitam falsificações.

O novo padrão deve ser implantado até agosto. Vai dar tempo de os cartórios se organizarem?

Se o decreto tratar apenas do texto da certidão, com certeza o tempo é mais do que suficiente. No entanto, se a obrigatoriedade se estender ao tipo de papel e impressão, por exemplo, os cartórios deverão se adaptar, o que poderá levar um tempo extra.

A medida agrada os cartórios?

Qualquer medida que traz uniformização e qualidade na prestação do serviço agrada a classe. Percebemos que há tempos os registradores veem buscando aprimorar os serviços prestados.

O governo pretende criar um banco de dados para interligar todos os cartórios brasileiros e, assim, saber em que regiões precisa fazer mutirões para registrar as crianças. Como o Recivil vê essa medida?

Essa é uma questão muito complexa, porque muitos cartórios não têm nem computador, então como será possível criar esse banco de dados único? Acho que essa é uma questão para o futuro.

Existe uma estimativa de quantas pessoas não são registradas em Minas Gerais?

De acordo com os dados do IBGE, em Minas Gerais cerca de 16% da população não é registrada, mas esses dados são uma estimativa. Já rodamos grande parte do Estado em diversas ações sociais realizadas justamente para combater o sub-registro, e não encontramos essa realidade mostrada pelo IBGE.

Em que este novo modelo ajuda essas pessoas?

O decreto trata de um modelo novo de certidão. A iniciativa de ir até o cartório registrar continua sendo do cidadão. Este trabalho é muito mais cultural que legislativo, no sentido de as pessoas entenderem a importância e os benefícios de ter um registro. Não adianta nada um novo modelo de certidão com todos os dados se o cidadão não levar o seu
filho até o cartório para ser registrado.

 

Fonte: Jornal O Tempo

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