Minas Gerais é vice-líder no ranking de uniões estáveis

No 9º Cartório de Ofício de Notas de Belo Horizonte, no centro, os funcionários já não olham de esgueira quando um casal gay decide formalizar a união afetiva. Também pudera: a demanda só faz aumentar. Segundo a tabeliã Walquíria Rabelo, o registro de união estável aumenta gradativamente nos últimos meses.

 

O diagnóstico não é algo restrito ao cartório de Walquíria. Segundo levantamento do Colégio Notarial do Brasil, Minas Gerais é o segundo Estado com maior número de lavraturas de declarações estáveis entre pessoas do mesmo sexo. Foram 97 registros feitos durante os cinco primeiros meses deste ano. Somente o Estado de São Paulo, com 144 registros no mesmo período, tem número acima do mineiro.

 

“Há gays que vêm ao cartório com família, fotógrafo e champanhe”, conta Walquíria. Os números são motivo de comemoração não somente para os donos dos cartórios, que lucram com isso, mas principalmente para o movimento gay organizado e para homossexuais que enfim podem registrar em cartório, sem burocracia, a declaração que garante benefícios como herança, pensão e plano de saúde.

 

Perfil. Levando em consideração que Minas Gerais é um Estado tido como conservador, os números têm chamado a atenção até mesmo do ativista mais otimista. Ainda que inicialmente a situação pareça paradoxal, há quem perceba o relativo protagonismo mineiro como mais uma reafirmação de certa aversão a inovações sociais e morais.

 

A opção de formalizar uma união estável entre homossexuais é compatível com o “perfil formalista dos mineiros”, de acordo com a promotora de Justiça Nívia Mônica Silva, “Isso expressa o desejo de formalizar suas escolhas afetivas”, completa.

 

“Nas questões relacionadas a gênero e sexualidade, o conservadorismo mineiro é um legado histórico e enraizado”, avalia Marlize Matos, professora da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) que há 17 anos atua em pesquisas relacionadas a gênero.

 

 

Fonte: Jornal O Tempo